Você já deve ter ouvido falar que no fim de setembro, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), utilizado como referência para compra e venda de energia no mercado livre, saiu do piso regulatório, fixado em R$ 69,04/MWh para 2023. O fato foi registrado pela primeira vez desde o início de setembro de 2022, de acordo com informação da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
A flutuação do PLD, acompanhando a variação das condições meteorológicas, é uma característica do mercado livre de energia. No entanto, desta vez houve uma mudança repentina, em decorrência da alta expressiva da demanda por eletricidade em nível nacional, como consequência das temperaturas elevadas registradas em todo o país.
Ao mesmo tempo, a usina nuclear de Angra 2 foi desligada em 25 de setembro, para trabalhos de manutenção que devem durar 30 dias, com impacto na oferta de energia. E mais: no período, houve indisponibilidade, ainda, de duas unidades geradoras da hidrelétrica Tucuruí (PA) e também coincidiu com redução dos limites de transmissão em todas as linhas da rede Norte / Nordeste / Centro-Oeste.
Com tantos desafios no setor, o PLD alcançou o pico de R$ 232,45/MWh às 18h30 em 26 de setembro, para retornar ao piso antes do fim do dia, e finalizar com um preço médio diário de R$ 102,71/MW. Para especialistas do setor, os gestores de energia devem estar atentos ao conjunto de fatores que podem contribuir para a elevação do preço de referência.
E, também a propósito da variação do PLD, vale ressaltar que a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu manter a metodologia sobre os limites máximo e mínimo do PLD para 2024, definida no final do ano passado. A agência também quer discutir em consulta pública os novos cálculos e valores a serem aplicados a partir de 2025. “Essa sinalização é muito positiva, pois todo o mercado tem, agora, bases para planejar 2024 e tomar decisões mais acertadas. No passado, isso era feito só em dezembro”, elogiou Hélio Lima, afirma sócio-diretor da Migratio Energia.