A necessidade de uma matriz energética balanceada

O parque energético brasileiro é caracterizado predominantemente pela fonte hidráulica, com praticamente 70% da energia gerada nos últimos 12 meses sendo provida de hidrelétricas, sendo ainda maior no primeiro trimestre de 2021, dentro do período úmido, onde quase 73% da energia do sistema foi gerada através das hidrelétricas. Previamente ao impacto ocasionado pela pandemia do novo coronavírus e a baixa afluência dos reservatórios, o valor gerado pelas hidrelétricas foi de 75% no primeiro trimestre de 2020.

A base do setor é a geração de energia elétrica, sendo uma matriz energética balanceada de extrema importância, não só para controlar a volatilidade dos preços, como para agregar segurança ao consumo de todos. Nos últimos 6 meses (outubro de 2020 a março de 2021) os reservatórios obtiveram os piores níveis de afluência do histórico de 91 anos, mas ainda insuficiente para ocasionar uma falta de energia no sistema, segundo o diretor geral do ONS Luiz Carlos Ciocchi, que afirma que o Operador avalia diariamente as melhores soluções, de forma a garantir a segurança no suprimento de energia, assim como o melhor preço pela geração de energia elétrica que o cenário atual permite. “A energia mais cara é aquela que falta” comenta o diretor em entrevista a MegaWhat.

As termelétricas ocupam o segundo lugar de geração no país, sendo responsáveis por 18% da geração nos últimos dozes meses. No entanto, a fonte térmica, apesar de agregar maior segurança ao suprimento do sistema, possui um custo elevado em comparação com as demais fontes e desde outubro de 2020, com a afluência dos reservatórios abaixo do esperado, o Operador Nacional do Sistema – ONS, está despachando, com o aval do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – CMSE, usinas termelétricas em maior intensidade, fazendo da fonte térmica responsável por 18,4% da geração no sistema nos últimos meses, sendo que de janeiro a setembro de 2020 a média de geração térmica foi de 13,6%.

Enquanto a situação hídrica não se estabelece, uma vez que já há empresas indicando a volta das afluências em volume satisfatório para 2022, o diretor geral do ONS estipula, para o restante de 2021, o sistema com despacho da UTE Porto Sergipe a partir de maio, após redução na afluência do submercado norte, uma importação mais intensa da Argentina e Uruguai a partir de agosto ou setembro, além da utilização das fontes eólica e solar, que vem apresentando recordes de geração desde 2020, para tornar o sistema menos dependente da geração térmica a um alto custo.

Por: João Victor Bonora - Middle Office | Migratio Energia.

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