O Mercado Livre de energia elétrica tem se consolidado como um relevante ambiente comercial para escoar a energia produzida por fontes renováveis. Segundo a Associação Brasileira de Comercialização de Energia (Abraceel), em agosto de 2022, a geração das fontes renováveis incentivadas – solar centralizada, eólica, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa – bateu recorde de geração, ultrapassando pela primeira vez a barreira dos 20 GW médios e atingindo 20,6 GW médios.
Ainda de acordo com informações da Abraceel, 54% da produção dessa energia renovável, o equivalente a 11,1 GW médios, foi direcionada ao Mercado Livre naquele mesmo mês. E é bom que se diga: esse levantamento não considerou as grandes usinas hidrelétricas, que também estão entre as fontes renováveis, mas não são incentivadas.
Um dos motivos de o Mercado Livre impulsionar de forma tão expressiva as fontes renováveis diz respeito ao seu marco legal. Ele determina que os consumidores com demanda inferior a 500 kW – os chamados consumidores especiais – sejam obrigados a contratar apenas energia incentivada, o que, neste caso se traduz nas fontes já citadas no início desta nota.
A demanda por fontes renováveis, portanto, deverá crescer ainda mais com a ampliação da base do Mercado Livre. Afinal, no ano que vem, todos os consumidores de média e alta tensão estarão aptos a migrar o seu consumo para a energia livre. Estamos falando potencialmente de mais de 100 mil empresas, as quais serão enquadradas como consumidores especiais.
Particularmente na indústria, a expectativa pelo acesso ao Mercado Livre é grande. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada em fevereiro, revelou que 56% das pequenas indústrias que ainda estão no mercado cativo informaram ter interesse em migrar para o Mercado Livre a partir de janeiro próximo. Ou seja, é um grande conjunto de CNPJs que passará a consumir eletricidade com origem em fontes renováveis. Nota dez para a transição energética!